A ditadura da anorexia diz: "Você pode ser uma mulher mentirosa, mau caráter, fútil, vulgar, burra, chata, grosseira, antipática, intratável, deplorável, deprimente, insuportável. Mas seja magra."
Eu inverto a ordem desta frase: "Você pode ser gorda. Mas não seja uma mulher mentirosa, mau caráter, fútil, vulgar, burra, chata, grosseira, antipática, intratável, deplorável, deprimente, insuportável."
O conceito beleza/feiúra é muito relativo. Existe um grande preconceito quando é este. Apesar do belo e do feio não estarem descritos em nenhuma tabela fixa de tamanho, peso e cor, muitas pessoas se guiam por um padrão imaginário do que significa ser uma pessoa bonita ou horrorosa. Não percebem que existem louras de olhos azuis feias, magras feias, E negras lindas, gordas lindas.
Madrigal Melancólico
Manuel Bandeira
O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento.
Graça que perturba e que satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.
E.A.G.
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